Doença-dor, futuro-medo, perdido-passado, fogo-poder, profundo-buraco, violão-milonga, amargo-mate, adocicada-esperança, corpo-poeira, perversa-mente, cruzadas palavras brincam no meu agora feliz e triste, luminoso e sombrio, doce e amargo, entrando na via crucis dos caminhos que os ancestrais já trilharam e me vem o Cristo no pensamento e a sua imagem na cruz e suas palavras derradeiras – Pai, porque me abandonaste?
A solidão humana, quase canina em sua inocente esperança. Entendo os ateus. Eu poderia ser um deles, mas preferi meu lado canino, olhando sempre pro dono, com ternura infinita, mesmo que apanhando.
Sou cusco manso – agora, ressabiado da vida, dos abandonos, dos desamores, das injustiças e dos ventos gelados das intempéries.
Meu agora é com com desalento. Tenho tudo, mas nada mais me pertence, pois sinto a miséria humana que carrega milhares de vidas de arrasto, os agregados microscópicos, tudo destinado a putrefação. Sim, falo com as minhas células, as bactérias boas e até as bandidas (eco dependentes), mas perdi o poder de convencimento. Penso que elas estão estressadas e depressivas – coitadas. Mas como mentir-lhes? Dizer-lhes que não estão fadadas ao grande buraco? Consolo-as o suficiente, falando em física quântica e novas conexões, mas não vencem a tristeza.
Escrevo para você não perder a esperança de me alegrar, pois entendo também Jesus quando dizia que fora das crianças não há salvação. Não há salvação. A alegria adulta geralmente é adulterada, ou melhor, turbinada com álcool, barbitúricos, compras compulsivas e etceteras.
Quando começo a me queixar, não consigo parar.
Praia do Santinho, Ilha de Santa Catarina, 21 de Setembro de 2010
Meu Irmão-Primo JVitor.
ResponderExcluirGostei do traço, mas não gostei do conteúdo. Força, fé, esperança, amor por tudo em ti. Sabes que Ele habita em ti.
Deves avisar a gente sempre que houver um texto novo, assim como faço no Galo Velho.
Teus Padrinhos te abençoam.
LFernando