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quinta-feira, 21 de junho de 2012

Pergunte ao João - poema do livro Rememoro.


"PERGUNTE AO JOÃO!"

Segura a garrafa do álcool com a mão esquerda
unta c’oa direita
faz o sinal da cruz
na testa
no plexo
no coração
mentaliza o pacto
ajoelha, nego
o chocalho
olha o chifre do boi
não pisca
agüenta
agüenta
se pisca morre
convoca as força
te entende c’oa padrinhage
fecha o corpo
dois punhal
um pra cada mão
nu em pelo
de frente pra lua
se acalma
se acalma
um gole
grande
ajuda
anestesia a úlcera
se apruma
relaxa!

Mais uma noite
veste a roupa da coragem
sente a brisa
não pensa mais no cerco
incha o peito
arromba o cerco!
Vara o cerco!

A noite
a madrugada
sai pro mundo
pra vida
como se não existisse nada
engraçado
nessa hora não existe nada
noutra hora,
fecha-se o cerco!
Realidade paranóica!
Então?
Que importa,
escuta!
Escuta!
O bandolim!
Flor amorosa!
O violão de sete cordas!
O amor transborda!
Vida em dois planos,
enlouqueço?!
Escolher...
qual dos dois me convém?
A decisão é minha,
só minha,
na mão,
só minha,
mão...

Caminha, cara!
Deixa rolar,
enrola um pouco,
mais um...
conversa c’oa vida,
negocia c’os morto,
engambela os vivo,
dá um tempo!...

"O corpo fechado,
por babalaô,
o menino cresceu,
entre o pano e a ficha,
correu em pedreira
que nem lagartixa!"

Verdade, maninha
verdade, irmazinha
conselho dos bom
de raiz tribal
dum tempo profundo
milênio sem fundo...
salvaste esta vida
que deve outras tanta,
melhor só faria
aprumar-se consciente
lançar mais semente
a cucas fundidas
de ódio e veneno...
acredita em Jesus!
Que aquece c’oa luz
mais forte do mundo
incandesce até besta
até louco
sotreta,
c’oas costa voltada
pro crime
a maldade,
transitória verdade
com senda marcada,
pois um só é o caminho,
do infinito pro nada,
do nada pra Deus...
dando volta,
ou sem volta,
a bondade é a Lei!

Um comentário:

  1. Este poema, sem dúvida, mostra as minhas primeiras experiências fortes com a mediunidade, da qual, na época á qual o escrito se refere, dela eu era absolutamente ignorante; mas anos depois, relendo essas "velharias" da minha vida, vejo pelo rumo que o poema toma em um dado momento, que mesmo sob a forte pressão de forças muito negativas, me acompanhava um vigoroso espírito protetor. Graças a Deus!

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