Olho a chuva que cai triste lá fora.
A natureza chora. Tudo chora.
E eu soluço com ela, muito embora
Não haja pranto nestes olhos meus.
Há lágrimas sutís. Estas de agora,
Que não são como a chuva; assim sonora,
Que ninguém vê jamais, ninguém deplora,
Como as lágrimas úmidas de Deus...
Mais do que nunca o coração se sente
Vazio de afetos, de ilusões descrente.
Fatigado de mágoa e de desgôsto.
E o meu olhar se turva de repente.
Como se a chuva viesse mansamente,
Cair também aqui sôbre o meu rosto.
Esclarecimento:
Atribuo este soneto ao meu pai Carlos Rotta Rodrigues. Embora não esteja assinado, encontrei nos seus guardados e tem o jeito dele em cada estrofe e na forma como usava determinadas palavras. Também não tem data. O papel é bem amarelado. Meu pai desencarnou em 2007.
Meu Irmão-Primo JVitor.
ResponderExcluirEstava por reclamar o teu silêncio. Agora sim, esperando que continues ao menos uma vez por mês, pois isto é como "regra". Tens a alma dos Centeno, mas o que me surprendeu foi poesia de Rodrigues, aquela linda do Carlos. Tremi quando te atrevestes a dar uma "pescoçada" nEle. Que coisa. Mas és assim, continua assim, tens pouco o que melhorar. Estou feliz. Valeu.
Mando as bênçãos dos Padrinos e do Galo Velho.
Luiz Fernando Azambuja