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segunda-feira, 5 de outubro de 2015

O TEMPO



Passa o tempo, passam as horas,
Passa boi passa boiada
Passa a vida ilusionada
E o silêncio me devora
Em dores de derrotas –
O velho eu que estertora!

Um corpo ainda válido,
Mas inválido de partes e artes.

Inacreditável! Pensa o novo que o velho desacredita
E quer matar.
Existe luz ainda neste túnel desativado?
Existe! Existe! Dizem Anjos otimistas
Em meio à turbamulta dos pessimistas.
Vou enlouquecer! Pensa o novo. Cadê ela?
Ela? Que ela, cara-pálida?
Ah, é. Ela era do outro.
Dos outros, imbecil. Concentra-te na jornada
Que é curta e de poucas possibilidades!
Agora és Célula Branca do Todo Poderoso.
Vê se não vais pedir demissão incentivada – Tolo!
E o novo pega as ferramentas para quebrar as grossas cascas desse Ovo Cosmos matemático e métrico, cheio dos mistérios e implacável na contabilidade dos erros e acertos, deveres e haveres – estes, tão parcos.


4.2.14

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

ABISMOS

Silêncio Ártico
Nórdico mal estar
Abismo profundo
Sem fundo
A minha ilusão
Só fogo queima
Lixo mental
Que cuspo
Longe dela
Não por gosto
Tamanho o desgosto
Um tempo, me disse
Um tempo pra cair
Na rua das ilusões perdidas
Que eu sabia não dar em nada
E me puxou,
Me levou junto,
Num tango triste
De um doble A
Gosto amargo
Desamar
A lua
O sol o mar
Tudo que sou, que dei
Pra tê-la
E perdi
Ganhei a vida
Verdade crua
Nua e azeda
a Essência, claro
Nem boa nem má
Apenas só,
A contemplar
Olhar, olhar,
Um que, um nada,
A olhar, olhar...